O conhecimento é a maior fonte de poder já vista, e é impossível ter noção real do conhecimento humano, afinal sua difusão sempre foi limitada para a supremacia de um certo grupo. Entretanto este controle se torna cada vez mais difícil de se exercer conforme o avanço temporal. A princípio os dominadores tinham a ideia de controlar o conhecimento dividindo-o, a modo de desenvolver apenas as áreas que fossem de interesse do grupo controlador (isso explica o maior prestígio das ciências exatas e biomédicas diante das humanas), tática esta, comum aos macedônios e romanos.
A segunda estratégia desenvolvida consiste em apropriar-se do conhecimento, restringindo também sua desenvoltura fora do círculo criado pelo grupo dominante, alienando a massa através de uma imposição político-religiosa, regressando assim o desenvolvimento da intelectualidade em âmbito geral. Prática realizada principalmente pela Igreja Católica Romana. Essa tática se tornou impraticável, ou ao menos com raio que logrou o Vaticano atingir, após eventos como: Reforma Protestante, Revolução Francesa, Revolução Industrial. Com a formação dos primeiros Estados absolutistas (que então disputavam protagonismo com a Igreja), a ascensão burguesa e o surgimento do capitalismo, a Igreja Católica Ocidental despencou de sua plenitude de poder, porém conseguiu ainda se reinventar e estabelecer certa influência (inferior a doutrora, entretanto ainda muito relevante) que foi se esvaindo lentamente com o passar dos séculos.
Já ao fim dos anos 1800 e começo do século XX, três novas técnicas de controle intelectual surgem. A Soviética, bem similar a da Santa Sé, todavia sem tanto potencial, com maior especialização na deturpação de informações e imposição político-ideológica, ao invés de político-religiosa. A Anglo-saxônica (usada principalmente por Inglaterra e Estado Unidos), ponderar o trânsito entre informações e mídia (acesso), liberando a conta-gotas o conhecimento. E a Nazista, a mais completa de todas (não se pode afirmar a mais eficiente, devido a curta duração do Terceiro Reich) em termos de manipulação, esta consiste na junção e aprimoramento de todas estratégias anteriormente apontadas. Com tal tática o nazismo conseguiu comandar a massa, gerando espontaneidade, com os conceitos de alienação, propaganda, unificação, bem definidos e aplicados, pôde contar ainda com a iniciativa popular (deturpando a ideia de democracia, chegando a alterar o princípio dos três poderes estabelecido pela Revolução Francesa), transformando a população em "conatus" de um corpo perverso. Alguns desses efeitos duram, embora escassamente, até os dias atuais.
Falando em atualidade, hoje emerge uma nova tática. Com a expansão dos meios de comunicação fica muito difícil iludir o indivíduo, devido a gama de ferramentas para adquirir informações que este possui à mão, certo? Bom, não é o que parece. Desmentir as fontes oficiais tornou-se extremamente fácil, a resposta está exatamente neste ponto, confiabilidade. A ideia que se tem, é emitir um grande número de informações, até mesmo de conteúdo absurdo, com o intuito de embasar concepções coerentes. Não obstante, a presença de um enorme contingente de informações, torna impossível a checagem de todas, ou seja, uma ou outra passará despercebida.
Vivemos à época em que é ainda mais imprescindível desenvolver o senso crítico, e fazê-lo nunca fora tão fácil como é hoje, contraditoriamente isto não traz grande impacto intelectual devido à própria incompetência das pessoas, de maneira geral, por não usarem as tecnologias em prol do conhecimento. O saber agora está a um click, porém este click (normalmente) não é destinado à aprendizagem e sim a fofocas de redes sociais, vídeos de idiotas cometendo auto flagelo através de desafios, fotos de animais "fofos", etc. É claro que se faz necessário distrair-se de vez em quando, mas distração a todo tempo resigna alienação.
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ResponderEliminarDeveras acurada a sua exposição textual. É facto público e notabilíssimo que os think tanks neoliberalistas, coordenados pelos corporativistas do modelo capitalista fomentaram uma deslegitimação do conhecimento das ciências humanas perante o imaginário social como forma de retardar a eventual revolução proletária, ponto culminante das relações societais, a resolução das contradições do capitalismo, o comunismo.
ResponderEliminarA reputação da qual os "cientistas exatos" gozam durante a história da civilização não se trata de outra coisa senão doutrinação do mindset capitalista. Elaborar mecanismos produtivos, logísticos e/ou tecnológicos que incidem no aumento da eficiência e aproveitamento de recursos escassos é, indubtavelmente, menos importante do que:
1) Fazer banheirão: as dinâmicas das interações homoeróticas na Estação da Lapa e adjacências. (Mestrado em Antropologia na Universidade Federal da Bahia.)
2) A estética Funk Carioca: criação e conectividade em Mr. Catra. (Doutorado em Sociologia e Antropologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro.)
3) Mulheres perigosas: uma análise da categoria piriguete. (Mestrado em Sociologia e Antropologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro)
4) A Zuadinha é tá, tá, tá, tá: representação sobre a sexualidade e o corpo feminino negro. (Mestrado em Ciências Sociais na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. )
5) Erótica dos signos nos aplicativos de pegação: processos multissemióticos em performances íntimo-espetaculares de si. (Mestrado em Linguística Aplicada na Universidade Federal do Rio de Janeiro.)
6) Personagens emolduradas: os discursos de gênero e sexualidade no Big Brother Brasil 10. ( Mestrado em Antropologia Social na Universidade Federal de Goiás.)
7) “Agora eu fiquei doce”: o discurso da autoestima no sertanejo universitário. (Mestrado em Linguística e Língua Portuguesa na Universidade Estadual Paulista (Unesp))
8) O herói na forma e no conteúdo: análise textual do mangá “Dragon Ball” e “Dragon Ball Z”‘ ( Mestrado em Comunicação e Cultura Contemporânea, Universidade Federal da Bahia.)
9) Experimenta-te a ti mesmo: Felipe Neto em performance no YouTube (Mestrado em Comunicação Social na Universidade Federal de Minas Gerais)
Os indivíduos que elaboraram uma máquina agrícola e proporcionaram um aumento na oferta de alimentos para a sociedade com certeza são menos importante do que "Felipe Neto em performance no YouTube". Afinal, o milho é um alimento para o corpo, já os vídeos do Felipe Neto são um alimento para a alma.
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ResponderEliminar"A princípio os dominadores tinham a ideia de controlar o conhecimento dividindo-o"
ResponderEliminarConcordo plenamente. O maior expoente desta ideologia vil e tóxica foi Descartes que elaborou método científico que predominou até o final do século XIX.
O correto neste caso é uma educação ampla e sem vertentes, de forma que o jardineiro possa operar a minha apendicite.